"A ainda jovem cultura democrática brasileira enseja equívocos conceituais que frequentemente a ameaçam e a desmoralizam. Não é de estranhar, dada a origem autoritária de nossa República, que emergiu de um golpe de Estado, e a escassa cultura não só de nosso povo, mas também de parte de nossa elite. O preâmbulo vem a propósito dos acontecimentos que envolvem a discussão, no Senado, do Código Florestal. Além de não se dar ao trabalho de ler a proposta -e lhe imputar acusações absurdas-, a minoria militante que a ela se opõe se arvora em falar em nome do povo, que não lhe deu tal delegação. Dentro desse equívoco, tratam os que de fato detêm delegação popular -os parlamentares- como intrusos e querem impor sua vontade no grito, quando não na violência.
Assim é que, nesta semana, no curso das discussões, na Comissão do Meio Ambiente, essa minoria ativista, representada por 12 (!) estudantes da Universidade de Brasília, provavelmente ressentidos ainda da acachapante derrota no DCE, invadiu o Congresso e quis impor no grito o seu ponto de vista. Os senadores foram ofendidos e abordados com violência. Fui pessoalmente ameaçada e insultada, tendo de sair sob escolta policial. Sabemos que o Congresso é a Casa do Povo, que a ela tem acesso para se manifestar, desde que pela ordem e com respeito, como manda a lei. Não foi o que ocorreu.
O pior é que não se tratou de um episódio isolado; ao contrário, vem se tornando recorrente, quase banal em nosso país. Assistimos, já há alguns dias, manifestação semelhante de truculência e vandalismo, na Universidade de São Paulo, onde uma minoria tenta se impor no grito, por meio de intimidação. Os jornais informam que um punhado de estudantes -pouco mais de 70, num universo de 89 mil-, todos de classe média alta, vinculados a partidos e a organizações de esquerda, depredaram as instalações da USP, patrimônio do povo sustentado com os impostos. Protestavam contra a presença da polícia, que reprimia o tráfico de drogas no campus. Enquanto a polícia cumpria a lei, fundamento do Estado democrático de Direito, aqueles militantes, travestidos de estudantes, promoviam o caos, impedindo que seus colegas exercessem o elementar direito/dever de estudar. "Vamos fazer a revolução", bradavam, ao mesmo tempo em que invocavam a democracia para legitimar a baderna. E aí começa a confusão conceitual. Confunde-se liberdade com bagunça, vale-tudo. Democracia é o regime da maioria, com o reconhecimento às minorias, mas não só: é o regime da lei, sem a qual nem as maiorias nem as minorias estão seguras de nada. Sem o estrito cumprimento da lei, a democracia não sobrevive. Torna-se rito de passagem, presa fácil dos aventureiros que dela se servem para aniquilá-la. O truque é antigo, previsto já por Lênin: usar as facilidades que a democracia oferece como meio de chegar ao poder, para então bani-la. É o que assistimos. Há anos, o Brasil vive sob o domínio do gramscismo, estratégia de tomada do poder concebida pelo teórico italiano marxista Antonio Gramsci, que defendeu a manipulação da cultura como meio mais eficaz de promover a revolução. Nessa engenharia maléfica, todos os polos de produção cultural -mídia, universidades, editoras, meio artístico- têm de ser dominados por um pensamento hegemônico. No caso, o socialista. Tudo o que a ele se contrapõe recebe o selo de "direita", que não significa nada, senão a maldição política e moral. A questão ambiental, há anos, foi encampada por esses grupos, e não porque de fato os interesse. É apenas mais um meio de desestabilizar o país, enfraquecendo uma de suas maiores fontes de receita, o agronegócio, responsável pelos superavit na balança comercial do país e por um terço dos empregos. Nem sequer conhecem o tema que abordam. Basta ver o que dizem a respeito para constatar que nem leram o projeto que será votado no Senado. O Código Florestal não anistia ninguém nem estimula o desmatamento, muito pelo contrário. Impõe a recomposição de áreas degradadas e pune quem novamente as degradar. É inútil argumentar. São somente massa de manobra de interesses bem maiores que eles próprios desconhecem." KÁTIA ABREU, 49, senadora (PSD-TO) e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, escreve aos sábados, a cada 14 dias, neste espaço.Publicado na Folha de São Paulo.
1 Comentário:
Gusta,
A matéria da senadora Kátia Abreu é a síntese de tudo e que concordamos na sua integralidade.
Esta tem sido a nossa luta cotidiana e em tempo integral há cerca de 6 anos, não sòmente através da internet e de redes sociais, mas no trabalho citidiana, nos bate papos, nas marchas, nos foruns e em todas eventos que participamos. Sendo, muitas vezes, hostilizados diante adversários e por pessoas que não dão a mínima para o assunto.No famoso saco cheio.
O Lula conhece a alma do povo e sabe como dela utilizar-se. O Lula é o Foro de São Paulo em ação e suas táticas gramscitas para desmontar a democracia brasileira.
Todavia, não sejamos desumanos e aproveitar-se do seu quadro depauperado de saúde, que nos parece severo para o ator em pauta, de um cancer surgido num momento crucial dos seus passos na direção de consolidar o seu projeto. o Lula, enfim,tornou-se vulnerável, mas caldo de galinha e prudência não faz mal a ninguém.
Onde, da nossa parte, temos que diferenciar o Lula, como um paciente e do Lula como Projeto de Poder Pessoal, de teor nefasto para nação brasileira. A enfermidade, refere-se a ele, em particular, e ao grupo de médicos que o tratam. O seu Projeto sim, diz respeito a todos nós, cidadãos brasileiros. E isto é que está em jogo.
Os cânceres do Lula e do Hugo Chaves, são fatores de efeitos positivos para nosso pleito,neste momento. E que não devemos agir com sensibilidades infantis diante tais atores e das tramas que manobravam e ainda que podem fazer uso, em sentido adversos e que prejudicariam a todos nós outros, os pagadores de impostos.
Os cânceres entraram em cena e nós não devemos deixar escapar esta oportunidade. Eles são como uma luz no final do túnel.
Abs, Madeiro
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