Algum dono de circo europeu precisa contratar a filósofa Marilena Chauí e apresentar a raridade a civilizações avançadas. Uma platéia de dinamarqueses, por exemplo, acharia a pensadora brasileira bem mais divertida que um bando de ursinhos ciclistas.
No Terceiro Milênio, o marxista radical representa uma espécie em extinção merecedora dos mesmos cuidados dispensados à ararinha-azul. São poucos, e passam por estranhas mudanças de comportamento. Deu de romper longos silêncios com palavrórios insensatos. O mais recente virou reportagem de capa da revista Caros Amigos.
''A crise é um produto da mídia'', revelou Marilena. O começo do barulho na gafieira do Planalto não a surpreendeu. ''Desde 1º de janeiro de 2003 espero o impeachment de Lula. Ao acordar já me pergunto: será que é hoje?'' Intuição? Cabeça, doutor: ''Sou uma das poucas marxistas que acreditam que a classe dominante opera''.
Opera com tanta competência que até dispensa a participação de oposicionistas para provocar crises políticas. A satânica parceria com a mídia permitiu à elite golpista inventar Delúbio Soares, torná-lo parceiro do inverossímil Marcos Valério, montar a escabrosa ''base aliada''. E muito mais.
A elite e a mídia produziram o aparelhamento do Estado, a infiltração de companheiros em cargos de confiança, o assalto ao Banco do Brasil, a criação do Banco Rural, os dólares viajores de Duda Mendonça, a chuva de propinas na Câmara. Fora o resto.
Os donos de circo não sabem o que estão perdendo.
Augusto Nunes - augusto@jb.com.br para o JBOnline
Essa pensadora é de circo
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