Brasil, um país sem direita!

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Vácuo

O incrível caso do país sem direita

Não há partidos conservadores no Brasil. O único liberal de peso agoniza depois de perder nomes importantes. E não há perspectivas de mudança
Fernanda Nascimento e Gabriel Castro
O espectro político brasileiro é peculiar: na ponta esquerda, tem o jurássico PCO. Passa por socialistas radicais, como o PSOL e o PSTU, pelos comunistas conformados do PPS, pelos social-democratas do PT e do PSDB, pela esquerda verde do PV e se encerra no centro, onde estão PP e DEM. Não há, entre os 27 partidos brasileiros, um que se assuma como direitista. E o recente anúncio da criação do PSD, que se define como social-democrata, abre um buraco no DEM e empurra o eixo da política brasileira ainda mais para a esquerda.
A situação é única. Todas as grandes democracias do mundo têm ao menos um partido conservador forte, como o PP espanhol, o Partido Republicano dos Estados Unidos, a UMP francesa e o PDL italiano. O que teria levado a direita brasileira à lona enquanto, em outros países, como os vizinhos Peru e Colômbia, ela ocupa o poder máximo? Para especialistas e políticos ouvidos pelo site de VEJA, a causa está na herança maldita da ditadura militar.

O primeiro a definir o conservadorismo como uma doutrina política foi o inglês Edmund Burke, no século XVII. Esta corrente política considera que os indivíduos realizam as coisas melhor do que o estado. Que as liberdade individuais devem ser mantidas a todo o custo. E que os valores tradicionais da sociedade devem ser preservados. Nas democracias modernas, o conservadorismo se traduz como uma recusa ao estatismo, a defesa do livre mercado, a proteção da família e a oposição a medidas como a legalização de drogas e do aborto.
No Brasil, o discurso adotado pelos partidos políticos pouco se diferencia: todos adotam termos como “justiça social”, “distribuição de riqueza”, “igualdade”. Obviamente, ninguém é contra essas bandeiras, mas o linguajar denuncia que todos, por razões diversas, adotam um vocabulário de esquerda. Expressões como "livre iniciativa", "responsabilidade individual" e "valores morais" raramente são ouvidas pelos corredores do Congresso ou do Palácio do Planalto. As palavras “social” e “trabalhista” e “socialista” aparecem na maioria dos nomes das legendas. Há apenas um partido que faz referência ao liberalismo – o PSL, que, ainda assim, também se diz social – e nenhum que tenha a expressão "conservador" no nome.
Espectro político baseado na auto-declaração dos presidentes dos partidos revela: somos um país sem direita

Situações peculiares –
O declínio de valores não-esquerdistas se acentuou a partir do governo Lula, quando o PT moderou seu posicionamento e roubou parte do discurso de partidos de centro. Legendas que a princípio eram pouco afeitas às ideias do partido deixaram as diferenças de lado para ingressar na partilha do poder: é o caso do PR, que resultou da fusão do PL com o Prona, do PTB, do PP e do PMDB. Todos se dizem centristas.
O adesismo inflou o bloco governista e juntou a esquerda moderada, a socialistas anacrônicos e a arrivistas de olho na divisão de benesses. Com isso , o PT arrastou consigo praticamente todos os partidos com algum peso. PSDB e DEM permaneceram na oposição mais por questões estratégicas do que programáticas. "Os partidos não se posicionam amparados em raízes históricas, mas em razões conjunturais", opina o cientista político Leonardo Barreto. Para ele, há espaço para o surgimento de uma legenda conservadora no país.
Na falta de uma direita verdadeira, a esquerda acaba inventando a sua própria: "Oposição à direita é um erro grave porque você tem um país com contradições sociais gravíssimas, concentração de renda das maiores do mundo. Quer concentrar mais? À grande maioria isso não interessa", diz o primeiro-secretário do PSB, Carlos Siqueira, para quem a direita trabalha para aumentar a injustiça no país.
Leia também: Para filósofo Olavo de Carvalho, esquerda aproveitou vácuo após fim da ditadura
Mesmo entre a oposição, o discurso ideológico não é afinado: o presidente do PPS, Roberto Freire, faz uma diferenciação: “Existe a oposição de esquerda, como o PSOL, PSTU e parte do PSDB. Na oposição de direita temos o DEM”. O rótulo, no entanto, é descartado pelos próprios democratas.
Trauma da ditadura - Mesmo o autoproclamado centrismo do DEM parece não ser bem recebido no meio político: o partido, em eterna crise de identidade, já se refundou duas vezes e tenta se livrar da pecha de conservador. Da última vez, tentou colar a imagem ao Partido Democrata americano – que, por lá, abriga diversos matizes da esquerda. Ainda assim, vem sofrendo sucessivos golpes, vindos de dentro e de fora. O último deles é o nascimento do PSD de Gilberto Kassab.

O presidente do DEM, José Agripino Maia, reconhece que as bandeiras de seu partido se limitam à defesa do “liberalismo moderno”. Ao site de VEJA, ele torceu o nariz quando indagado sobre a dicussão de temas que costumam pautar os partidos conservadores, como o casamento gay, o aborto e a liberação de drogas: “Isso não é o carro chefe do partido”.

De fato, o DEM não pode ser definido como um partido de direita: bandeiras como a redução da maioridade penal, o endurecimento da punição a criminosos e a oposição ao desarmamento civil não são bandeiras pela qual o DEM se empenha. “No Brasil, a direita é muito vinculada aos regimes totalitários e estamos totalmente fora disso. O que é esquerda? Muro de Berlim, Cuba? Estamos fora disso também”, diz Agripino Maia. O antigo PFL, aliás, esteve ao lado do governo petista na defesa do desarmamento da população civil, em 2005.

O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO) se alinha a bandeiras clássicas do conservadorismo, como a defesa da livre iniciativa, a não-interferência do estado na vida do cidadão e oposição à legalização do aborto. Mas não se assume como direitista. Para ele, o rótulo só faria sentido em países onde há tradição de uma direita democrática, o que não existe no Brasil. “Aqui não existe essa tradição", explica.

Não por acaso, os partidos não foram capazes de sintetizar a oposição do eleitorado brasileiro à legalização do aborto. Na última campanha eleitoral, o tema surgiu quase de forma clandestina, em discussões na internet e nas igrejas. O PSDB de José Serra veio a reboque, aproveitando-se do tema para criticar a petista Dilma Rousseff – que, por sua vez, se apressou em tentar apagar o passado e dizer que nunca havia defendido a legalização do aborto.
Petistas e tucanos, aliás, têm mais similaridades do que diferenças. O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, reconhece que a disputa tem mais a ver com a aplicação das ideias do que com a orientação ideológica: "O PT, no poder,adotou as propostas do PSDB. Não inovou. Não há nenhum programa social novo. Ocorre que a execução é que é diferente. Geralmente, a postura do PT é mais promíscua em relação ao Legislativo", afirma.

Falta tradição – Para o cientista político Ricardo Caldas, a rejeição ao rótulo de direitista está ligada à herança negativa deixada pelas legendas conservadores no país. Estes partidos foram contra a abolição da escravidão, contra o fim da monarquia e, na figura da Arena, apoiaram o regime militar. Não é uma ficha corrida das melhores. "Eles tiveram dificuldade de conviver com a democracia e ficaram com essa pecha de antidemocráticos."

O especialista acredita que a direita brasileira não se modernizou. Em vez disso, foi engolida pelo recente pragmatismo de esquerda, difundido pelo PT, ou aderiu ao outro lado por oportunismo eleitoral. Se o espectro político brasileiro vai da extrema-esquerda ao centro, a disputa pelos principais postos de poder está ainda mais restrita. Em 2010, só havia candidatos de partido de esquerda na disputa pela Presidência da República.

19 comentários:

Anônimo disse...

Os brasileiros são por natureza idiotas, isso explica a facilidade com que "falsos solidários" se montam tão bem nos discursos pré-fabricados da esquerda: somos donos da verdade, pensamos no social, estamos com as minorias, etc...Além disso fica claro que a "direita" brasileira nunca existiu, ou alguém quer me convencer que Zé Sarney já foi algum dia de direita???

Anônimo disse...

Ô idiota petralha que não vive sem obrar por aqui.

Sua fixação em privadas e orifícios corrugados ainda vão levá-lo ao MEP.


UI UIUI

cereal disse...

Epa! Tem pelo menos um.
Não mudei de lado não.

Waltão disse...

DO BLOG DO KAJURU

ME DESCULPEM! O QUE OCORREU HOJE AQUI NO RIO DE JANEIRO, SÓ ME FEZ LEMBRAR:

O HOMEM É A ÚNICA EXPERIÊNCIA DE DEUS QUE NÃO DEU CERTO!

Gusta disse...

Amigo Cereal, somos dois!

Abs

cereal disse...

Querida Gusta,
Eu já sabia!
O Brasil é verde e amarelo.
Fora vermelhos!

PoPa disse...

Na verdade, Gusta, o que não temos são políticos de direita. O eleitorado já mostrou que é bem mais conservador do que parece. É, na verdade, um filão a espera de um partido...

Gusta disse...

Exatamente, caro PoPa!

Abs

Waltão disse...

Frase do dia do C.H.

"É oportunismo; o que aconteceu no Rio não foi com arma legal"

Senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e a tentativa de impedir o comércio de armas

NB: Já dizia meu pai, como é burro o meu cavalo !!!

Canguru Perneta disse...

E os chineses vão levando a brasileirada no bico

Os chineses são os mais antigos comerciantes do mundo. Sabem aquele papo de sabedoria milenar? Pois é. Nunca deixaram de fazer negócios nem debaixo do porrete comunista. Quando Hu Jintao visitou o Brasil, em 2004, prometeu apoiar o pleito do Brasil por uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. Em troca, o Brasil reconheceu, calculem, a China como uma economia de mercado, o que poucos países fazem. Isso significou que Banânia estava dizendo que os chineses respeitam as regras básicas do comércio mundial e os mecanismos multilaterais que o regulam. Bem, não respeitam.

E o que os chineses fizeram do “apoio” à reivindicação do Brasil? Passaram a atuar firmemente contra qualquer mudança no Conselho de Segurança. Afinal, se e quando se discutir a ampliação das vagas permanentes, outro candidato a assumir uma cadeira é o Japão, coisa que Pequim não aceita. Por que essas informações?

Hoje, o governo chinês jurou a Dilma que é favorável a que o Brasil tenha uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. Como a questão japonesa está onde sempre esteve, adivinhem quanto vale essa promessa…

Por Reinaldo Azevedo

Letícia disse...

Tudo gente boa, inclusive a Presidenta.


BRASÍLIA - Documento da Aeronáutica que foi tornado público nesta quarta-feira, 13, pelo Arquivo Nacional, após ter sido mantido em segredo durante três décadas, revela que a organização guerrilheira VAR-Palmares, que contou em suas fileiras com a hoje presidente Dilma Rousseff, determinou o "justiçamento", isto é, o assassinato de oficiais do Exército e de agentes de outras forças considerados reacionários nos anos da ditadura militar.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,var-palmares-planejou-execucao-de-militares,705934,0.htm

Canguru Perneta disse...

DO C.H.

Deputados tentam ajudar Jaqueline

JAQUELINE RORIZ Deputados que têm pouca expressão política na Casa, e integrantes da bancada feminina, desencadearam uma operação nos bastidores para salvar o mandato da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada em um vídeo recebendo dinheiro de Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção no Distrito Federal. O grupo tem dois argumentos: Se ela for cassada por um ato ocorrido antes de ser eleita deputada federal, um precedente será aberto para que outros parlamentares sejam punidos por irregularidades do passado. O segundo argumento é o de que a prática de caixa dois de campanha, usada na defesa da deputada para explicar o dinheiro, é algo comum entre os políticos. Segundo informações do Estado de SP, Jaqueline falou pela primeira vez ontem (13): "Eu não era deputada na época. Eles (deputados) entendem que: já imaginou se a lei for retroagir para todos, a prerrogativa que vai abrir?".

ET: PUTARIA TOTAL E PLENA !!!!

Letícia disse...

Ó Coitado! Levaria uma surra do Serra...

Lula 2012
É a nova fantasia eleitoral que domina todos os momentos do ex-presidente Lula: se o ex-governador José Serra decidir disputar a prefeitura de São Paulo, mais uma vez, no ano que vem, o ex-Chefe do Governo lançará sua própria candidatura à sucessão de Gilberto Kassab. E, dentro dessa suposta eventualidade, está aceitando apostas: garante que tritura o tucano na capital paulista.

Do Giba Um

Anônimo disse...

No Brasil, o errado é que se apresenta como certo.

A inversão de valores é uma das desgraças nacionais.

Nosso destino está traçado ao que ficou para a Afraca do Sul.
Leiam:

A realidade da África do Sul pós-Copa

“Poucas horas depois de Iker Casillas levantar a taça de campeão do mundo, há exatos sete dias em Johannesburgo, o governo sul-africano ordenava que tropas ocupassem algumas das regiões mais miseráveis da cidade para frear uma tensão latente de ataques xenófobos contra imigrantes estrangeiros.
No dia seguinte, funcionários de empresas de energia confirmavam a intenção de entrar em greve.
Passada a euforia, milhões de cidadãos continuavam desempregados e a África do Sul voltava à sua dura realidade.
Depois que o circo da Copa do Mundo deixou o país, ficaram a pobreza, a aids, a violência, a desigualdade social e, principalmente, uma divisão profunda entre os líderes sobre qual deve ser o projeto de país para a África do Sul.
(…)
O escritor sul-africano Rian Malan é de outra opinião. “A Fifa encorajou o governo a gastar bilhões que não tínhamos em estádios que não precisamos. Agora, infelizmente, ficaremos com dívidas por anos”, disse.”

Letícia disse...

E assim seguimos nas mãos das três Quadrilhas!

Ministro indicado ao STJ fez defesa ilegal em processo

Waltão disse...

DO BLOG DO UCHO

No país da piada pronta, Lula, do “Mensalão do PT”, pode ser o interlocutor da reforma política

Galhofa vermelha – Para retornar à cena política nacional, o abusado Luiz Inácio da Silva se candidatou ao papel de interlocutor com a base governista e a oposição, projeto que visa buscar um consenso sobre a reforma política e acelerar sua discussão e aprovação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Presidente interino do Partido dos Trabalhadores, o deputado estadual Rui Falcão (SP), disse na segunda-feira que nesse processo Lula funcionará como um “catalisador”. “A dinâmica de ouvir os partidos políticos vai ser dele. É claro que num primeiro momento, suponho, vai falar com os partidos da base aliada. Mas não vai excluir ninguém dos diálogos. Aliás, ele sempre dialogou com todos”, declarou Falcão após encontro de lideranças petistas com Lula no Instituto da Cidadania, na capital paulista. “O presidente Lula pode ser o catalisador desse amplo movimento, que não será apenas do PT. Ele quer ouvir as opiniões, ver os pontos de consenso, para a partir daí vermos as propostas no Congresso Nacional dentro de um cronograma colocado. (…) Para que a gente possa, em conjunto, votar isso no Congresso Nacional até setembro”, completou o presidente interino do PT.

Independentemente de ter certeza de que é uma versão tropical e mal acabada de Messias, Lula da Silva pode se candidatar ao que desejar, desde que para tanto não afronte a massa pensante brasileira e nem mesmo abuse da incoerência. É no mínimo estranha essa incursão de Lula, pois pesa em seu currículo político escândalos dos mais variados, a começar pelo “Mensalão do PT”, escândalo de corrupção comandado a partir do Palácio do Planalto e que trocava polpudas mesadas pelo voto obediente de dúzias de parlamentares.

Como se fosse pouco, Lula acobertou como pôde os aloprados do Dossiê Cuiabá, conjunto de documento apócrifos reunidos por petistas para prejudicar os tucanos Geraldo Alckmin e José Serra, que em 2006 concorreram à Presidência da República e ao governo paulista, respectivamente.

De igual maneira, foi sob o manto de Lula que ocorreu a violação do sigilo bancário de Francenildo Costa, o Nildo, que caiu na malha palaciana por ter denunciado as estripulias do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, agora chefe da Casa Civil. Também contou com o silêncio do abusado Lula o escândalo de violação do sigilo fiscal de adversários políticos, em especial de integrantes do PSDB e da filha de José Serra, a empresária Verônica Allende Serra, e de seu marido, Alexandre Bourgeois.

Qualquer nação tem seu cipoal de situações inexplicáveis, mas aceitar Luiz Inácio da Silva como “catalisador”de um consenso sobre a reforma política é querer que o Brasil dê mais um passo atrás e rumo ao totalitarismo esquerdista.

Waltão disse...

DO C.H.

Insônia

Dilma se diz “imensamente preocupada” com a inflação. Imagine quem não tem cartão corporativo, presidenta.

Waltão disse...

DO C.H.

Honoris mentira

Começa sexta (29) o tradicional Festival da Mentira em Nova Bréscia (RS), com mentirosos de todo o País contando lorotas. Doutor honoris causa, Lula está convidado a fazer palestra. Afinal, ele é hors concours.

Waltão disse...

Do Blog do Reinaldo Azevedo

“Então eu quero dizer a esse conselho. O meu governo está diuturnamente, e até noturnamente, atento a todas as pressões inflacionárias, venham de onde vier”.

ET: Acreditem a frase é da Presidanta

 

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