Cora Ronai para O Globo - aqui
Eu não sou a Petrobras. Eu não tenho nada secreto no notebook. Ainda assim, ele é protegido por um sistema em que a senha é a digital do meu indicador — e não há hipótese, mas não mesmo, de que eu venha a embarcá-lo em qualquer mala despachada, no mesmo avião e sem escalas. Ele vai na bolsa, ali, do meu lado, coladinho. Nunca viajei com disco rígido com dados, mas, caso o fizesse, seria nas mesmas condições.
É bem provável que a proteção do Vaio seja só para inglês ver, e que qualquer um seja capaz de abri-la; mas, para isso, primeiro seria preciso roubá-lo de mim. Também é claro que, se eu tivesse dados que valem ouro no computador, o meu disco inteiro seria muito bem criptografado. E é claro, ainda, que eu teria um sistema de segurança adicional por hardware.
O fato é que, hoje em dia, sem tiroteios, assassinatos ou, no mínimo, um boa-noite-cinderela, só se rouba notebook com dados confidenciais de quem deliberadamente se deixa roubar. O que deixa algumas curiosas possibilidades em aberto: 1) Não havia nada nos notebooks (se é que havia mesmo notebooks), e o “roubo” foi uma cortina de fumaça para distrair a atenção do público do caso dos cartões corporativos; 2) Havia dados nos notebooks, “roubados” de antemão para justificar um vazamento de informações que apenas ainda não foi descoberto pela imprensa; 3) Havia ou não havia dados, tanto faz, e os notebooks foram roubados porque estavam, literalmente, dando sopa, e sendo tratados com a incúria e o descaso com que, neste país, se trata tradicionalmente a coisa pública.
VÍDEOS: g1 e TV Bahia - domingo, 22 de dezembro de 2024
Há 31 minutos
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