A ética que vem do pasto
Conselho se esforça para poupar o presidente do Senado, enrolado com lobista, bois e recibos falsos
O Conselho de Ética do Senado deu na semana passada uma valiosacontribuição para consolidar a péssima reputação da classe políticabrasileira. Sem se preocupar em ao menos fazer de conta que pretendiainvestigar alguma coisa, o senador Epitácio Cafeteira, do PTB doMaranhão, concluiu que o presidente do Congresso, Renan Calheiros, nãopraticou atos que ferissem o decoro parlamentar ao utilizar os serviçosde um lobista da empreiteira Mendes Júnior para pagar as despesas de umafilha durante quase dois anos. Cafeteira também não viu nada de mais nofato de esses serviços incluírem o empréstimo de um apartamento paraencontros particulares e o uso do escritório da empreiteira como sefosse uma tesouraria de Renan Calheiros. O senador Epitácio também nãodetectou conflito algum no fato de o presidente do Congresso manterrelações de amizade com um empreiteiro do calibre de Zuleido Veras,acusado de corrupção, formação de quadrilha e fraude em licitações. Seaprovada, a decisão de Cafeteira, além de constranger os políticossérios, cria um novo e vergonhoso patamar ético no Parlamento. Qualquersenador pode sentir-se autorizado a receber um empreiteiro em sua casa,pedir-lhe um favor financeiro e, depois, compensá-lo com a apresentaçãode uma emenda ao Orçamento. Estará simplesmente seguindo ajurisprudência criada pelo senador Cafeteira.
Reportagem completa da Veja AQUI
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