"O Cartão SUS que não pegou" por JLineu, o #incorformado

|

Ousado, projeto federal para criar cartão eletrônico desperdiça R$ 418,6 milhões.
O Cartão SUS, uma das ações de um projeto federal criado há dez anos para modernizar o atendimento da rede pública de Saúde, tornou-se mais um caso da desastrosa gestão na aplicação de recursos públicos. Com a inovação magnética, seria possível montar um cadastro nacional dos usuários do SUS, construir o histórico clinico dos pacientes, agilizar o atendimento de consultas e procedimentos, como também ampliar e melhorar o acesso da população aos medicamentos. De 2000 a 2009, o projeto não trouxe benefícios para a vida dos brasileiros e já consumiu R$ 418,6 milhões.
Em 2000, a ousada vontade política ganhou fôlego com o dinheiro vindo de um financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Cenário perfeito para que os gestores ignorassem completamente uma análise inicial dos riscos na implementação de um sistema informatizado em um país com enormes diferenças regionais. Do alto da burocracia, também se esqueceram de mobilizar a peça-chave no contato com o paciente: o profissional de saúde. O peso no quadrante de fraquezas e ameaças, já anunciava o desastre.

Ainda se somam as clássicas denúncias de favorecimento nas licitações, superfaturamento, desvios e descumprimento dos contratos de fornecimento. Já não se sabe mais o que é causa e consequência do desperdício de dinheiro. Hoje, mais de 10 mil terminais de atendimento e servidores entregues pelo governo espalhados em 44 municípios viraram sucata, o investimento no treinamento de 13000 funcionários foi perdido e o Governo não sabe dizer quantos dos 14 milhões de cartões magnéticos prometidos para o projeto piloto foram emitidos.

A disparidade na qualidade e na metodologia dos dados coletados nas regiões enterrou por completo a ambição de construir um cadastro nacional informatizado. Enquanto São Paulo - que não participou do Projeto - criou uma base própria de dados, o cartão magnético de uma das unidades do SUS em Brasília é de papel.

Coincidência triste é que durante os mesmos dez anos, a tecnologia também permitiu um avanço científico considerável nos tratamentos e desenvolvimento de novos medicamentos. Uma lei garante que todas as mulheres acima dos 40 anos realizem a mamografia pelo SUS. Porém, não há mamógrafos distribuídos por todo o país e em bom funcionamento. O câncer de mama é a 1º. causa de morte entre as mulheres. Segundo dados do Ministério da Saúde, 70% da população brasileira depende do atendimento público. Contrassenso, é que a lista de medicamentos do SUS não é atualizada há mais de dez anos, negando a milhares de pacientes melhores chances de cura. A rota dos pacientes tem sido as ações judiciais que estão transferindo ao Judiciário a questão de saúde pública.

Alguma coisa está fora da ordem. É cartão magnético de papel, é lei que não pega. O Ministério da Saúde promete algumas correções até o fim do ano. Um projeto ambicioso que jogou muito dinheiro fora e infelizmente entra no rol do descaso com a saúde pública.

2 comentários:

Partido Alfa disse...

Americanos e Europeus dizem que os brasileiros não resolvem os problemas, apenas informatizam o caos. Alguem duvida?

Canguru Perneta disse...

Arquivo vivo.

Do Painel da Folha:

Explosivo. De Romeu Tuma Jr., ontem, sobre a pressão do governo para que deixe "espontaneamente" o cargo de secretário nacional de Justiça: "Estão mexendo com a válvula do botijão de gás".

Comentário:.

Quando um delegado de polícia peita um governo inteiro e ainda recebe a defesa e o apoio do Presidente da República é porque estamos não sobre um mar de petróleo, mas sobre de um mar de lama.

Tuma Jr. já mandou o aviso amigo, se eu cair o chefão também cai....Quem será o chefão ????

 

©2009 Reaja Brasil! | Template Blue by TNB